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NO OLHO DO FURACÃO

 
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NO OLHO DO FURACÃO
por Felipe do Amaral Matos - sexta, 18 Jan 2019, 11:44
 

NO OLHO DO FURACÃO

Por Jéssica de Sousa Oliveira

 

Oi, pessoal, tudo bom?!

 

De antemão, gostaria de esclarecer que a ideia de redigir esse texto surgiu dos pedidos dos amigos seguidores tuiteiros (Twitter, melhor rede social! Quem concorda, respira) para que eu contasse um pouco sobre a minha experiência nos concursos públicos.

 

Desde que divulguei no Twitter minha nomeação e posse, ganhei mais de 1.000 seguidores (tô famosinha, amores, mas cadê os mimos?!) e todos os dias tenho recebido pelo menos uma DM (Direct Messenger/Mensagem Direta) pedindo que eu conte um pouco mais sobre como era a minha rotina de estudos, quais os métodos utilizados, quais materiais indicados etc.

 

Dessa forma, resolvi escrever esse texto com o único objetivo de compartilhar minha experiência na jornada dos concursos públicos, JAMAIS o de oferecer serviço de “coach”, acompanhamento para concursos ou algo do gênero.

 

Quero que isso fique bem claro, porque sei que essa jornada de estudo para concursos pode ser muito desesperadora, principalmente para quem já está nela há algum tempo, o que pode ser terreno fértil para vários charlatães aparecerem vendendo métodos, técnicas e dicas “infalíveis” a preços exorbitantes, fazendo com que vocês gastem tudo o que têm e até o que não têm na busca de um sonho. Portanto, não se deixem enganar! E, principalmente, não se desesperem! Desespero não combina com essa jornada.

 

Antes de começarmos, contudo, gostaria também de fazer alguns alertas:

 

1 - Se você está lendo esse texto em busca de uma fórmula mágica para aprovação em concurso público, PARE imediatamente, pois não encontrará o que busca. Nesse tipo de estudo, não há fórmula mágica nem método infalível, mas fórmulas e métodos que poderão servir ou não para você a depender de suas características pessoais. “Lindíssima, Jéssica, esclareceu tudo” Hahaha... eu sei que a frase parece não dizer coisa alguma, mas, ao longo do texto, vocês terão algumas dicas que os auxiliarão a identificar qual(is) método(s) pode ser mais útil ou não para vocês.

 

2 - Se você busca aprovação em concurso público como um fim em si mesmo, por favor, NÃO FAÇA CONCURSO PÚBLICO! (Nunca te pedi nada!). Pessoal, a ocupação de um cargo ou emprego públicos não pode ser um fim em si mesmo, mas um meio para que sejamos agentes de transformação social. Então, opte pelo concurso público não só porque você quer ter uma boa qualidade de vida, mas principalmente porque você quer ajudar a construir uma sociedade mais justa, menos desigual e verdadeiramente democrática (e para isso não precisa querer “fazer política” dentro da instituição, basta cumprir a Constituição Federal, né, meus amores?!).

 

3 - O relato que se segue é estritamente pessoal e carregado de privilégios. Devo confessar que estou um pouco envergonhada em compartilhá-lo quando a imensa maioria das pessoas não têm nem a metade das oportunidades que tive, mas essa é a minha história e não posso negá-la. Ela pode ser perfeita para vocês ou pode valer de nada. De um ou de outro modo, espero que possa ajudá-los em alguma coisa. Desde já, aos alunos do Curso Popular de Formação de Defensoras e Defensores Públicos, comprometo-me a buscar amigos que tiveram uma história bem diferente da minha para compartilhar com vocês.

 

Para finalizar esses esclarecimentos iniciais, gostaria ainda de agradecer ao Curso Popular de Formação de Defensoras e Defensores Públicos pela oportunidade de divulgar esse texto em suas plataformas e redes sociais, demonstrando o intuito de promover a democratização do acesso a cargos públicos a todas as pessoas. Sou fã de vocês e podem contar comigo pra tudo!

 

PARTE I - PERFIL PESSOAL - “SIM, BONITA, E QUEM ÉS TU NA FILA DO PÃO?”

 

Meu nome é Lohanne Vekanandre KKKKK brincadeira, pessoal. Meu nome é Jéssica de Sousa Oliveira, mais conhecida pelo user @souljazzca (no Twitter e Instagram) ou pelo apelido Jéssica Furacão (personagem das redes sociais). Sou de São Luís/MA e estou recém empossada defensora pública no estado da Bahia, além de aprovada no concurso público da DPE/AL 2017, da DPE/PE 2018 e na 1ª fase do concurso da DPE/MA 2018 em andamento.

 

Cuidado! Não se deixem enganar pensando que, por ter 03 aprovações, eu sou destruidora mesmo, hein?! Fui truqueira com vocês (assim como muitos “coltis” por aí) contando só as aprovações, enquanto as reprovações (que, no meu caso, foram mais de 05) ficaram devidamente escondidas. Não pensem que as reprovações são deixadas de lado porque não são importantes ao longo da jornada. (Pelo contrário! São muito mais enriquecedoras do que as próprias aprovações). Contudo, elas não são mencionadas por um motivo bem simples: para criar no imaginário de vocês que aqueles que têm 03, 04, 05, 10 aprovações são super-humanos inteligentíssimos que merecem toda a massagem de ego que vocês puderem dar quando não o dinheiro também. Então, fica aqui o alerta.

 

Continuando, nessa primeira parte, considero importante falar um pouco sobre minhas características, porque acredito que o meu perfil de estudante ajudou muito na minha preparação para concursos públicos.

 

Isso porque cursei o ensino médio numa escola em que as avaliações eram feitas a cada 15-30 dias com questões objetivas, praticamente no formato das provas de concurso. Eram 100-150 questões, que englobavam todas as matérias e deveriam ser respondidas entre 4-5horas. Ou seja, desde adolescente, eu já estava familiarizada com o formato das provas de concurso. Então, o nervosismo nunca foi um fator que me prejudicou. Sempre fui muito tranquila e confiante para as provas.

 

Nesse ponto, chamo a atenção de quem fica muito nervoso na hora da prova e não consegue lembrar das respostas, se confunde na hora de assinalar a alternativa ou até mesmo nem consegue responder as questões: talvez o que falte é se familiarizar com a situação de prova e nada melhor do que simular. Mas como simular? Eu, por exemplo, reservava uma manhã, geralmente no domingo, para fazer um simulado. E isso me ajudava não só em me manter acostumada com a situação de prova, mas a controlar o tempo, o cansaço, a fome e tudo o mais que pudesse surgir durante a realização da prova.

 

Na faculdade, esse sistema avaliativo de questões objetivas de múltipla escolha se manteve, com a pequena diferença de que houve o acréscimo de mais questões dissertativas. Então, esse costume de responder esse tipo de prova foi mantido.

 

Aqui, um necessário parênteses para aqueles que querem fazer concurso público, mas ainda não terminaram a faculdade: termine-a! Deixe para pensar em concurso e se preparar somente depois de finalizar sua graduação. Não coloque o carro na frente dos bois. Você pode pensar que está perdendo tempo de preparação para concursos (e, de fato está), mas estará ganhando conhecimento, o que não deixa de ser fundamental para a aprovação e que acaba diminuindo seu tempo de preparação para concurso, pois, em regra, quanto mais conhecimento adquirido, menor o tempo de preparação. Outra coisa, pessoal: graduação não é só ensino. É pesquisa e extensão. Então, se você ainda está na graduação, explore o conhecimento dos seus professores, entre em grupos de pesquisa, desenvolva projetos de extensão. Isso ajudará muito vocês a decidirem o que querem fazer da vida e a adquirir conhecimento e aprofundar alguns assuntos.

 

PARTE II - PREPARAÇÃO PARA CONCURSOS - “QUE HORAS QUE A BONITA VAI COMEÇAR A DAR AS DICAS?”

 

Ocorre, galera, que, infelizmente, não pude seguir as dicas que dei para vocês acima. Estudei na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), que, assim como várias outras universidades públicas do país, sofria com a falta presencial e de compromisso de grande parte dos professores. Para vocês terem uma ideia, tive mais de um professor que apareceu só uma vez e inventou nota para todo mundo. Também não me interessei muito pelos projetos de pesquisa, tendo participado só de um. Mas, em compensação, aproveitei bastante meus estágios, onde adquiri boa parte do conhecimento que tinha quando saí da faculdade.  

 

Daí vocês podem estar se perguntando o que que isso tem a ver com a preparação para concurso. E eu lhes respondo: exatamente por eu não ter aproveitado mais a graduação e por deficiências do próprio curso (que, à época, não englobava algumas matérias como direito do consumidor, criança e adolescente, difusos e coletivos, as duas primeiras, disciplinas eletivas e a última, inexistente), saí da faculdade com uma base mínima.

 

Então, precisei construir minha base. Terminei a faculdade em 2014 e, em 2015, fiz o curso anual de carreiras jurídicas de um grande curso preparatório para concursos. Ia algumas tardes e todas as noites para o curso assistir às aulas telepresenciais e, pela manhã, estudava, memorizando, o que tinha sido passado no dia anterior.

 

DICA PARA OS ALUNOS DO CURSO POPULAR DE FORMAÇÃO DE DEFENSORAS E DEFENSORES PÚBLICOS: pessoal, quando me refiro à base, quero dizer os conhecimentos mínimos relacionados a cada matéria, como saber os princípios de direito penal, por exemplo. Ter base em direito penal não significa que você deve saber todos os crimes da parte especial do Código Penal, mas conhecer com certa profundidade os princípios e regras gerais de direito penal. Como vocês viram, eu não tive algumas disciplinas essenciais à Defensoria Pública na faculdade, como criança e adolescente, consumidor, difusos e coletivos, entre outras, e as que eu tive não foram também grande coisa. Se vocês estão nessa mesma situação, a grande dica é aproveitar ao máximo as aulas do curso. Construam o caderno de vocês (os meus do curso preparatório de 2015 me acompanharam ao longo desses 3 anos), tentem memorizá-lo e sempre que tiverem dúvidas recorram a eles. 

 

Aqui, farei uma nova pausa: já deu para perceber que minha rotina de estudos só foi possível por eu ter tido o privilégio de “só estudar”. Meus pais tiveram como me sustentar durante toda essa jornada de concurso. Isso não significa que só passei por causa disso, porque tem muita gente com esse mesmo privilégio que, por algum outro motivo, ainda não conseguiu passar, assim como também não significa que quem não possui esse privilégio não consegue passar. Sei que muitos de vocês precisam trabalhar e estudar e não quero nem posso dizer para vocês como devem agir, se organizar etc. Seria escroto e desonesto da minha parte. Só posso dizer que, assim como a organização dos estudos é essencial para quem “só estuda”, com maior razão, o é também para quem trabalha e estuda. O estudo de vocês precisa ser eficiente: é preciso que se organize o tempo de estudo (quantas horas consigo estudar por dia?) e o material de estudo.

 

Com relação a esse último, uma nova dica: foquem num único material, porque a experiência nos mostra que quanto mais material nós temos, mais perdidos ficamos. Elejam um material para cada matéria (ex: penal eu vou estudar só pelas aulas do professor, criança e adolescente pela sinopse etc.) e estudem sempre por ele. Isso facilita o aprendizado e a memorização.

 

DICA PARA OS ALUNOS DO CURSO POPULAR DE FORMAÇÃO DE DEFENSORAS E DEFENSORES PÚBLICOS: Assim como vocês, eu também sou aluna do curso e tenho aprendido bastante com os professores maravilhosos que vocês têm. Em algumas matérias que eu nunca tinha estudado, como direito urbanístico, por exemplo, não senti a necessidade de procurar outro material para formar uma base sobre o assunto. Assisti à aula e fiz um resumo para ler, memorizar e utilizar sempre que precisar. Então, é possível utilizar só o material do curso. Mas pode ser que vocês sintam a necessidade de ter outros materiais complementares e não há problema nenhum nisso. Só não se encham desses materiais, que, a princípio, darão uma falsa sensação de segurança e que, a longo prazo, virará ansiedade por vocês terem uma infinidade de materiais e não conseguirem terminar nenhum.

 

Voltando ao relato, com 06 meses de curso, surgiu a primeira prova: DPE/MA 2015. Óbvio que não passei, né, amores?! Como eu disse, tinha pouca base e estava há pouco tempo no curso, mas consegui fazer uma pontuação razoável: 60/100, sendo que a nota de corte foi 66, ficando, assim, com 6 pontos atrás do corte.

 

Continuei os estudos nos mesmos moldes, e, no final do ano, fiz outra prova: DPE/RN 2015. Também não passei. Dessa vez, fiz 57/100 e a nota de corte foi 68. Meu desempenho pareceu pior, porém, a banca era diferente: na DPE/MA era FCC e na DPE/RN, Cespe. Na época, o estudo para FCC englobava mais letra de lei e doutrina, o que já estava acostumada, enquanto o estudo para Cespe abarcava mais jurisprudência dos tribunais superiores e eu não tinha qualquer familiaridade com esse tipo de estudo.

 

No ano seguinte, o curso havia acabado, mas optei por refazê-lo. E por que fiz isso? Porque eu estava perdida e não sabia o que estudar. Na época, contudo, eu não me atentei para isso e achei que seria melhor refazer o curso para consolidar as matérias. Decisão tão estúpida que nem cheguei a concluir o curso, cancelei no final do primeiro semestre.

 

Ainda nesse primeiro semestre, fiz a prova da DPE/MT 2016 e reprovei na primeira fase por um ponto atrás da nota de corte. Fiz 74/100 e a nota de corte foi 75. Aqui eu vi que estava perto, mas que precisava mudar o método de estudo, pois só memorizar as aulas e ler alguns poucos artigos não estava adiantando.

 

Foi a partir daí que resolvi contratar um serviço de acompanhamento para concursos públicos voltado para a Defensoria Pública. MAS O QUE? LOGO TU, JÉSSICA, QUE ABOMINA ESSES CUR$INHOS E “COLTI$”? Sim, contratei e não me arrependo. Na verdade, eu contratei e indico serviços de acompanhamento para aquelas pessoas que têm dificuldade em montar cronograma de estudo, principalmente em saber o que estudar e quando estudar, que sempre foi o meu caso (ora, pessoal, eu passei 17 anos da minha vida sendo docilizada na escola, que determinava as disciplinas, as matérias e os conteúdos que seriam contemplados nas avaliações, realizadas em datas e horários previamente agendados, e mais 05 anos na faculdade em esquema muito semelhante. Então, é natural que a gente sinta um pouco de dificuldade em selecionar o que estudar e quando estudar, já que esse trabalho nunca nos foi atribuído).

 

Além de montar um cronograma semanal, a pessoa que contratei me ajudou a direcionar melhor meus estudos e me deu dicas valiosas que agora compartilho com vocês: focar na memorização da letra de lei, adotar sinopses e resumos como material de estudo (fujam de doutrinas densas e extensas. Deixem-nas para depois da posse. Tô amando comprar agora meu Aury Lopes Jr., meu Nelson Rosenvald etc.) e fazer muitas, mas muitas questões mesmo.

 

Meu cronograma era basicamente o seguinte: como eu não precisava trabalhar, cada turno contemplava uma matéria (manhã: constitucional, por exemplo, ler o capítulo da CF/88 referente ao poder judiciário; tarde: humanos, ler o resumo adquirido; noite: questões e jurisprudência sobre esses temas usando o filtro no qconcursos: banca - defensor - juiz - promotor - ramo do direito - assunto - anos: 2011 a 2016)  

 

Dois meses depois, fiz a prova da DPE/BA 2016 e passei na primeira fase com 76/100 questões. A nota de corte foi 74.

 

Em seguida, iniciei a preparação para a 2ª fase, que, ao contrário do que a gente imagina, não necessita aprofundar conhecimentos, basta “saber a imensidão de um oceano com a profundidade de um copo” (não sei de quem é essa frase clichê, mas ela é bem verdade) e simular muito. Nessa fase, os materiais dos cursos costumam ser suficientes. Se você puder contratar um com correção individualizada, vale muito a pena. Se não, não se preocupem! Eles não são condição indispensável para aprovação, apenas facilitadores. Tentem arranjar materiais de provas anteriores e treinem bastante.

 

Aqui, faço uma nova pausa para fazer uma reflexão sobre os demais candidatos. Tentem enxergá-los como amigos, e não como adversários. Vocês estão no mesmo barco e quanto mais gente remando, mais fácil e rápido será alcançar a linha de chegada. Claro que vocês vão encontrar algumas almas sebosas no meio do caminho, mas elas são minoria. A maioria é formada por pessoas que se tornarão grandes amigos (Um salve para os meus dos grupos: E os concursos?; DPE sem reaça; Defensoria Bizucrush. Essa jornada não seria a mesma sem vocês) e vocês poderão compartilhar experiências, hospedagens, ubers, materiais...

De volta ao relato, fui aprovada na 2ª fase e depois na 3ª também (pessoal, sobre a preparação específica dessas duas fases, se tiver demanda, posso fazer outro texto posteriormente, se não esse vai ficar enorme e desviar do objetivo do texto, que é falar um pouco da trajetória em si).

 

Depois dessa primeira aprovação, fiquei me achando, meus amores (emoji das unhas pintadas de esmalte). E o que aconteceu?! Eu me lasquei na DPE/PR 2017, fiquei mais de 05 pontos aquém da nota de corte.

 

Por ocasião do destino, resolvi fazer o TJSP 2017, mas não gosto muito de falar sobre essa parte, porque não me identifico com a carreira e também porque não houve uma preparação específica para esse concurso. Na verdade, eu só acrescentei algumas matérias que não constam no edital da Defensoria Pública, como direito eleitoral e direito ambiental. Passei na primeira fase, mas reprovei na segunda. Atribuo a reprovação na segunda por falta de estratégia na realização da prova (por isso simulados e treinos são importantes): resolvi fazer primeiro as 04 questões, que valiam 1,5 cada e deixar para fazer a dissertação, que valia 04 pontos, ao final. Sobraram 40 minutos e não consegui desenvolver uma boa dissertação, o que acabou prejudicando minha nota. Resultado: precisava fazer 5 para passar e fiz 3,95.

 

Após, já no final do ano, fiz DPE/AL 2017, com primeira e segunda fases no mesmo final de semana. Na ocasião, já tinha abandonado o serviço de acompanhamento há mais de 04 meses e estava estudando sozinha, com alguns materiais que tinha adquirido de cursos preparatórios e com o qconcursos. Como a banca organizadora foi CESPE, foquei um pouco mais na jurisprudência dos tribunais superiores e nas questões de provas anteriores (reza a lenda que a CESPE trabalha com banco de questões e, por isso, tendem a repetir algumas). O método deu certo e fui aprovada em todas as fases do concurso.

 

Em seguida, fiz DPE/PE 2018 adotando o mesmo método de estudo da DPE/AL 2017, pois a banca era a mesma, e o resultado não foi diferente. Também fui aprovada nesse concurso.

 

Se vocês tiverem a curiosidade de procurar a nota de corte desses dois concursos verão que foram um pouco mais altas do que o habitual (a da DPE/PE 2018 foi 83/100 pontos). Isso não necessariamente significa que eu me saí melhor, porque a gente tem que analisar a banca examinadora, o estilo de prova, o grau de dificuldade da prova, a quantidade de concorrentes etc. Isso é um alerta para vocês não acharem que, porque fizeram 70 numa prova e, meses depois, 63 na outra, não estão aprendendo nada ou estão esquecendo tudo o que aprenderam. Lembrem-se: as provas de concurso não medem conhecimento de ninguém! Elas são, na verdade, um método de seleção que, acredita-se, seleciona os mais preparados (o que nem sempre é verdade). Por isso que, volta e meia, vocês se deparam com pessoas muito inteligentes, extremamente preparadas para o cargo, mas que ainda não passaram e não quero que vocês pensem: “poxa, se fulaninho que é super inteligente e preparado ainda não passou, avalie eu que sou só ‘esforçado’”. Essa frase é de um equívoco imenso: primeiro, porque fulaninho pode não ter passado por “n” motivos e aposto que o principal pode ser por não ter se adequado ao “método dos concursos” (às vezes, ele não tem familiaridade com provas objetivas, não tem paciência para passar 5hrs fazendo uma prova etc.). Segundo, porque você não é fulaninho (Valha! É mamãe falando aqui?!) e tá estudando e se adaptando para realizar o concurso e terceiro, porque concurso público não mede conhecimento de ninguém. Assim como tem pessoas muito inteligentes aprovadas, tem muita gente mediana (eu, por exemplo, me encaixo aqui) também. Quarto, porque a gente costuma diminuir o esforçado em prol do inteligente. Admirem o esforçado, pois ele luta, abdica para alcançar seu objetivo.

 

Galera, eu poderia escrever 100 páginas sobre esses 03 anos que passei estudando para concursos, mas não dá. O texto já tá enorme e, se tiver demanda, pretendo escrever outros específicos sobre algum assunto. Abaixo, resumo o que faltou.

 

Em síntese, fui aprovada na DPE/BA 2016, DPE/AL 2017, DPE/PE 2018 e acabei de fazer a DPE/MA 2018 e minha nota me qualificou para ter a prova dissertativa corrigida. Fui reprovada na DPE/MA 2015, DPE/AL 2015, DPE/PR 2017, TJ/SP 2017, DPE/RS 2018 (nessa, eu passei, pela primeira vez, dentro das vagas, na 1ª fase, mas reprovei na 2ª).

 

Percebam que por trás das aprovações, há muitas reprovações que, infelizmente, os “vencedores” não costumam falar.

 

Também esqueçam e sempre desconfiem dessas histórias de “fulaninho é um gênio”, “fulaninho estudava poucas horas e passou”. Por trás de frases como essas, há uma vida repleta de privilégios e estudos escondidos.

 

Para finalizar, algumas dicas que me ajudaram muito:

1 - Façam muitas questões todos os dias. Tornem isso um costume a ponto de vocês se sentirem mal se passarem um dia sem resolver uma questão.

 

2 - Sigam perfis de professores de cursos preparatórios e dos próprios cursos no instagram, mas só daqueles que compartilham notícias, julgados, súmulas etc. nas redes sociais. Na hora da prova, cheguei a acertar algumas questões só lembrando das postagens que tinha lido no IG. Fujam dos que passam o dia postando mensagens motivacionais, viagens para lugares paradisíacos (esse povo trabalha que horas?!) e aprovações de mil e um alunos que a gente não conhece um. 

 

3 - Acompanhem o site Dizer o Direito. O professor Márcio Cavalcante é realmente sensacional.

 

4 - Adquiram senso crítico. Isso é muito importante! Estudo para concurso emburrece a gente. Passamos anos lendo lei, julgados, doutrinas e memorizando-os para passar em concurso e, de tanto que fazemos isso, muitas coisas (algumas absurdas!) chegam a ser naturalizadas por nós e não podemos nos esquecer que Direito não é, Direito é dever ser.

 

5 - Por fim, indico um curso preparatório maravilhoso do qual também sou aluna: Curso Popular de Formação de Defensoras e Defensores Públicos (o curso é inteiramente gratuito e totalmente colaborativo e todas as aulas são gravadas e disponibilizadas no canal no Youtube e no sítio do curso: www.cursopopulardefensoria.com.br).

 

É isso! Não sou “coach”, não faço acompanhamento para concursos, sou contra a elitização dos concursos e cargos públicos. Meu objetivo é ajudá-los e tentar tornar nossos órgãos e instituições mais heterogêneos e democráticos, e, para isso, precisamos tornar cargos/empregos públicos acessíveis a todas as pessoas.

 

Um cheiro grande e feliz 2019!